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Semana do Metal - Shaman

O metal é uma alusão à vida, é amar e ser amado', diz vocalista do Shaman

Banda, que toca no Metal Open Air nesta sexta-feira, fez o hino do festival.
Em entrevista ao G1, Thiago Bianchi diz que show terá 'muitas surpresas'.

Fonte: Flávio Seixlack  G1, São Paulo

Thiago Bianchi, vocalista do Shaman
Entre todas as bandas escaladas para o Metal Open Air, festival que acontece em São Luís a partir desta sexta-feira (20), o Shaman talvez seja a única que tem uma relação de fã, ídolo e, de certa forma, representante do grandioso evento no Maranhão.

Afinal, é do quinteto a canção "At M.O.A.", hino encomendado pelo festival que já foi ouvido quase 200 mil vezes online. Por outro lado, o vocalista Thiago Bianchi diz que quer muito assistir ao show dos "heróis" do Megadeth, banda da qual é "fã desde moleque", como disse em entrevista ao G1. Por fim, haverá a apresentação do próprio Shaman no dia 20, que promete descarregar no palco toda a energia acumulada nos ensaios que tem feito.
(No sábado, 14, o G1 deu início a uma série de nove entrevistas com artistas que vão se apresentar na primeira edição do festival Metal Open Air, que acontece em São Luís, no Maranhão, entre os dias 20 e 22 de abril.)

Em uma longa conversa com o G1, o músico falou sobre como foi gravar a música-tema do evento e deu explicações convincentes de como o heavy metal pode ser mais do que simplesmente um gênero: "é um som que te soca no olho como se fosse um jab do Mike Tyson". Leia a entrevista:
G1 – Como está a expectativa pra se apresentar em um festival como o Metal Open Air?
Thiago Bianchi –
As expectativas são as maiores e as melhores possíveis. Estamos totalmente focados e concentrados para fazer a melhor apresentação da nossa carreira. Quando a gente esquece disso por alguns minutos, os fãs aparecem para lembrar.
G1 – Acha que vai ser uma grande festança?
Bianchi –
Acho que tem tudo para ser o que já é, o maior evento de heavy metal da história do país. Dizer que a gente está empolgado seria algo pequeno para descrever o sentimento. Vamos poder dividir o palco com os maiores nomes do estilo, até mesmo com heróis, como é o meu caso: o Megadeth é a banda que eu mais gosto desde moleque. A gente gostaria muito que o público comparecesse, pois essa é uma festa para eles, na verdade.
G1 - O Brasil merecia um festival como esse, já que tem tantos fãs de metal?
Bianchi –
Isso é uma coisa mais do que óbvia, porque a gente tem também as maiores bandas do estilo, mundialmente falando, como Angra, Sepulturae Shaman. Todas elas serão representadas de uma forma ou de outra. O Sepultura e o thrash estarão representados por bandas como Krisiun e Korzus, que é uma das maiores do mundo. Na minha opinião, demorou para ter um evento assim. Os festivais que a gente tinha e que celebravam o hard rock e o metal acabaram, então estava na hora de ter algo assim. Os eventos por aí não celebram o heavy metal.
G1 – O que você e banda mais querem assistir lá?
Bianchi –
Gostaria de ficar os três dias, mas minha mulher está grávida, está pra ter bebê. Mas as bandas que com certeza eu vou ficar para curtir, nem que eu tenha que me amarrar lá, são: Megadeth, Blind Guardian, Symphony X e Rock N’ Roll All Stars, estou muito curioso para ver tantas lendas do rock juntas. E o próprio Charlie Sheen, vou levar uma camisa de boliche para ele autografar (risos). Também o Saxon e o Anthrax, claro, que marcou a todos nós e voltou agora com tudo. Para mim está sendo um sonho. Inclusive quando fizemos o hino do festival e eu estava escrevendo a letra, as maiores atrações estavam sendo confirmadas naquela semana, então eu escrevia uma pedaço, aí confirmava alguém e eu voltava e fazia tudo de novo, porque foi muito emocionante. No fim foi legal porque eu escrevi a letra mais como um fã e menos como um ídolo.
Os integrantes da banda paulistana Shaman (Foto: Divulgação)Os integrantes da banda paulistana Shaman (Foto: Divulgação)
G1 – Você que bolou toda a letra, certo? Não teve nenhum pedido específico do festival?
Bianchi –
A música foi pedida pela produção do evento e no começo eles queriam algo que fosse mais como um jingle, parecido com aquele do Rock In Rio. Mas, em uma conversa com a produção, pensamos em fazer uma música de heavy metal mesmo, inspirada. Não é um jingle e não tem nenhuma aspiração a ser. Como é um evento de heavy metal, a gente tentou fugir dos parâmetros. Quando você fala de heavy metal, você fala de liberdade total de expressão musical, então você só tem que ter muita atitude. A gente queria fazer uma música de coração, do ponto de vista de um fã e também do ponto de vista de ídolos, já que os nossos fãs esperam da gente certas atitudes, determinadas energias. No fim, acredito que saiu uma música totalmente de coração. Sei que algumas pessoas esperavam uma canção mais fácil, de mais fácil digestão, mas não é o que representa o heavy metal. O heavy metal não é fácil de digerir, o heavy metal é um som que te soca no olho como se fosse um jab do Mike Tyson. O metal é uma alusão à vida, é amar e ser amado.
G1 – E como vai ser o show o Shaman?
Bianchi –
A gente tem muitas surpresas, mas claro que não vou revelar. Espero que todos possam conferir ao vivo. Estamos com um show muito bem montado, temos ensaiado muito. O que eu tenho ficado mais impressionado com nós mesmos é que cada ensaio tem sido um show. A gente agita e faz paradinha nas músicas, fica se divertindo. A apresentação terá algumas participações, podem esperar que vai ter coisa boa. Vale a pena dizer também que vamos gravar um vídeo desse show.
G1 – Qual é a importância de ter um evento desse porte em um lugar como o Maranhão, que é longe de São Paulo e do Rio?
Bianchi –
Se tem uma coisa que a gente pode celebrar aqui no país é a diversificação de raças. E o norte e nordeste geralmente tem ficado de fora da nossa história como polos financeiros. Acho até que demorou para se juntar ao resto do país, porque a força humana que existe aqui é muito grande e muito vem de lá. Acho que tá na hora de abrir as portas pra que nosso país se unifique em todos os pontos de vista. Vamos celebrar a nossa cultura.
G1 – O disco mais recente de vocês, "Origins", é um álbum conceitual. É complicado costurar uma história ao longo de várias canções ou é mais fácil justamente por ter um tema central ali?
Bianchi –
Não quero soar redundante, mas dentro do heavy metal você lida muito com a emoção, não é um som que você faz por dinheiro. Hoje em dia é fácil você reparar como tem muita banda que faz música por dinheiro. O grande lance é realmente você colocar o coração na ponta da caneta e é difícil escrever uma história sob qualquer ponto de vista. A diferença desse disco pros outros é que ele tem uma história que eu já queria contar há muito tempo. Somos todos bem devotos de culturas místicas. A história do Amagat nada mais é do que uma história que amarra um pouco da história dos famosos avatares, tem um pouco da história de Buda, de Jesus, de Shiva... que de certa forma é a história da humanidade. O grande lance da história do Amagat é que a gente tentou explicar a origem dele, como ele influencia cada disco da banda. No fim, acabou saindo tão fácil que quando você lê e ouve o álbum tudo faz sentido e você se sente bem.

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